terça-feira, 30 de novembro de 2010

Reunião do Conselho Consultivo da Fundação António Quadros

Ontem, dia 29 de Novembro de 2010, realizou-se no Círculo Eça de Queiroz, em Lisboa, a 2ª reunião do Conselho Consultivo da Fundação António Quadros. A sessão, presidida por Mafalda Ferro, António Roquette Ferro, Luís Gomes, Francisco d'Orey Manoel e Mário Quina, contou com a presença de António Braz Teixeira, António Quadros Ferro, Paulo Borges, Rita Ferro, Gonçalo Sampaio e Melo, Madalena Jordão, José Guilherme Victorino, entre outros membros do Conselho Consultivo.

Neste encontro, foi apresentado o plano de actividades para 2011, assim como o orçamento deste ano e do ano seguinte. Para além disto, discutiram-se todos os assuntos relacionados com os objectivos culturais da Fundação António Quadros. O anúncio da constituição do Prémio António Quadros Cultura e Pensamento em 2011 foi uma das grandes novidades apresentadas na sessão de ontem.

Desde a sua constituição, a Fundação tem vindo a realizar diversas actividades de indiscutível valor cultural e cientifico, nomeadamente a conservação e restauro de documentos e obras de arte que mantém no seu espólio, a organização e descrição da biblioteca de António Quadros e de todos os seus documentos e ainda o apoio sistemático à investigação.

Mais sobre a Fundação António Quadros aqui.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

António Quadros sobre António Telmo

"Conheci-o há pelo menos quarenta anos na «Universidade» da Filosofia Portuguesa, como ele atraído pelo magistério marginal de Álvaro Ribeiro e José Marinho, discípulos de Leonardo Coimbra, para quem a filosofia não era um modo de vida, mas um modo de ser…
Essa «Universidade» informal teve como sedes, primeiro o Café Palladium, onde ainda apareciam às vezes o Casais Monteiro, o Jorge de Sena, o Eudoro de Sousa, o José Blanc de Portugal, o António Banha de Andrade, o Eduardo Salgueiro ou o Domingos Monteiro, depois a Brasileira do Rossio, onde assentou arraial durante os anos em que nós lançámos com entusiasmo e espírito de desafio o Acto, o 57, a Espiral, anos em que aqueles nossos mestres saudosos publicaram, o primeiro A Arte de Filosofar (em 1955) e A Razão Animada (em 1957), o segundo a Teoria do Ser e da Verdade (em 1961). Mais tarde, outros cafés tomaram o lugar daqueles, o Colonial na Almirante Reis ou o Estrelas Brilhantes em Campo de Ourique… [...]"

António Quadros Continue a ler aqui.

Coitado do pobre Antero


Coitado do pobre Antero,
desnudado, analisado,
Não já o corpo, seu espírito,
Dissecado, Autopsiado.

Matou-se, mas era livre,
Liberdade era o seu bem,
Agora sua alma triste,
Já nem liberdade tem.

O que não disse, ele disse,
O que escreveu não pensou,
O que disse ele desdisse,
O que pensou não amou.

Coitado do pobre Antero!
Quero vê-lo, mas não posso...
Roubámos-lhe a liberdade,
Já não é dele, é só nosso.

António Quadros
por ocasião do Colóquio Anteriano em Ponta Delgada (14-10-1991)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Revista Cultura Entre Culturas nº 2

Já está à venda o 2º número da revista Cultura Entre Culturas, dedicada ao encontro entre o Ocidente e o Oriente. Para além das homenagens a Raimon Panikkar e António Telmo, recentemente falecidos, podem ler-se ensaios de Carlos João Correia, Rui Lopo, Amon Pinho e Paulo Borges e ainda textos de Ricardo Ventura, Matthieu Ricard, Françoise Bonardel, Miguel Gullander, Duarte Drumond Braga, entre outros.


Próximos Lançamentos

19 de Novembro, 21.30
Auditório da Câmara Municipal de Barcelos

23 de Novembro, 21.30
Clube Literário do Porto
Rua Nova da Alfândega, 22

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Histórias do Tempo de Deus


"Cada um dos contos que integram as Histórias do Tempo de Deus tem como eixo simbólico a reflexão sobre algumas das chaves de acesso à grande obra universal. Embora o diálogo filosófico e a construção das personagens enquanto tipos que permitem apresentar as "demonstrações alegóricas de ideias-tese preestabelecidas" (Ferreira, José Antunes - Introdução a Histórias do Tempo de Deus, Lisboa, Edições do Templo, 1979), confiram à obra o sentido de um "tratado completo de cosmologia" (id. ib.), de uma "teoria da alma, considerando-a na sua essência, na sua evolução, na sua transfiguração após a morte" (id. ib.), a verdade é que a reflexão filosófica não se sobrepõe a uma construção narrativa que permite vários níveis de leitura e, embora impondo a reflexão sobre uma macroestrutura densamente urdida e firmada na obra ensaística e filosófica do autor, não sobrecarrega uma forma narrativa enigmaticamente sedutora na sua aparente linearidade."

Histórias do Tempo de Deus. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-11-11]. Disponível em http://www.infopedia.pt/$historias-do-tempo-de-deus

Onde estás?


Os meus olhos não te vêem,
O meu nariz não te respira,
Os meus ouvidos não te ouvem,
O meu paladar não te apercebe,
Os meus dedos não te tocam,
Onde estás tu, Deus, que não te sinto?
A minha imaginação não te inventa,
O meu subconsciente não te revela,
A minha lógica não te deduz,
O meu espírito não te ensina,
A minha inteligência não te compreende,
Onde estás tu, Deus, que não te sei?
A minha paz precisa-te,
A minha ignorância busca-te,
A minha alma chama-te,
A minha fé espera-te,
A minha vida suplica-te,
Onde estás tu, Deus, que não te encontro?

António Quadros, Além da Noite, Parceria António Maria Pereira, 1949, p.127

sábado, 6 de novembro de 2010

Sampaio Bruno morreu há 95 anos


"Não é absurdo (digamos: ridículo) conceber que toda esta laboriosa evolução mundial se operou, opera, operará para que o Sr. Fulano saiba bem física e o Sr. Beltrano não tenha segundo no cálculo? [...] Saber por saber é uma espécie de masturbação superior. [...] Porque o desfecho e remate do homem não é gozar-se, repita-se. Se o mundo não existe para que o homem saiba, odioso seria fantasiar que o universo continua subsistindo para que o desfrute o homem. [...] O fim do homem neste mundo é libertar-se a si, libertando os outros seres. [...]"

Sampaio Bruno, A Ideia de Deus, (1902)
Livraria Chardron - Lello & Irmão Editores, pp. 468-469

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Da Literatura Portuguesa

"A interpretação  [fenomenológica] tem em regra o seu ponto de apoio em centro alheio ao movimento intrínseco que a inspira e tende a sobrepor um elemento a todos os outros, coisificando e limitando a pluri-dimensionalidade fenoménica."

António Quadros
"Da Literatura Portuguesa, Ensaio de Interpretação Fenomenológica"
Revista Espiral, nº4/5,  pp 57-71