Escola Portuense

por António Quadros Ferro

Filosofia Portuguesa é o termo que designa o movimento iniciado por Álvaro Ribeiro com a publicação em 1943 do livro O Problema da Filosofia Portuguesa. Não se trata de uma designação genérica para definir a filosofia em Portugal, mas sim de um movimento filosófico particular, com origem na denominada Escola do Porto (ou Escola Portuense) e por isso inspirado no pensamento filosófico de Leonardo Coimbra, Sampaio Bruno, Pedro de Amorim Viana, Delfim Santos, entre outros.

Fortemente influenciado por Leonardo Coimbra e motivado pelo enceramento da Faculdade de Letras do Porto (1928), Álvaro Ribeiro cria anos mais tarde em Lisboa, com José Marinho, o denominado Grupo da Filosofia Portuguesa, de que fizeram parte nomes como António Quadros, António Braz Teixeira, Afonso Botelho, Jesué Pinharanda Gomes, Orlando Vitorino, António Telmo, Dalila Pereira da Costa, etc.

O encontro em redor de Ribeiro e Marinho originou um dos períodos mais fecundos da história da filosofia em Portugal, nomeadamente no que diz respeito ao debate em torno do problema das filosofias nacionais e à reflexão profunda e antipositivista acerca do sistema educativo português, desde a escola à Universidade.

Esquema de Pedro Botelho (21 de Junho de 2010)


Cf. Pinharanda Gomes, A Escola Portuense - uma introdução histórico-filosófica, Porto: Caixotim, 2005, ou António Quadros, A Filosofia Portuguesa, de Bruno à Geração do 57 seguido de O Brasil Revisitado. Lisboa: Instituto Amaro da Costa, 1987.

O grupo da Filosofia Portuguesa e não só

1ª fila: Sant'Anna Dionísio, Padre Dias de Magalhães, Agostinho da Silva, Maria Violante Moreira, João Seabra Botelho, José Marinho.
2ª fila: Pinharanda Gomes, Eduardo Salgueiro, António Quadros, Francisco Sottomayor, Álvaro Ribeiro, Afonso Botelho, António Alvim, Armândio César, Francisco da Cunha Leão, Maria Leonor C. Leão, Augusto Saraiva, Vasco da Gama Rodrigues e três amigos de Agostinho da Silva, entre outros.

Jantar organizado pelo Doutor Dias de Magalhães no Restaurante Castanheira. 


Filosofia Portuguesa e Universalidade da Filosofia

"[...] os adversários da filosofia portuguesa, diversamente atentos, três tópicos essenciais desatendem, a saber:
1.º Que o problema da filosofia portuguesa não é, em todo o sentido, problema estrita e restritamente português, mas um problema de âmbito mais geral e bem mais geral sentido;
2.º Que o haver laranjas de Setúbal, assim como nos permite e nos autoriza chamar-lhe laranjas portuguesas do mesmo passo aos deliciosos frutos e seu conceito não retira à forma única e universal sabor e sentido;
3.º Que afirmar a existência de uma filosofia portuguesa supõe estas duas coisas: uma capacidade própria de filosofar e seu exercício, o encontro de várias formas de análoga propensão em homens e obras diversamente significativas de uma tradição multissecular, tradição inegável ainda mesmo quando, haja de reconhecer-se descontínua, como eu escrevi já, ou difusa e dispersiva, como outros têm escrito. [...] "
José Marinho
 (Filosofia Portuguesa e Universalidade da Filosofia
in 57, I, 3-4 (1957), p. 28.

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Bibliografia

Pina, Luís de "Faculdade de Letras do Porto : breve história", em Revista da Faculdade de Letras do Porto, vol. I [único publicado] (1966), pp. 59-172.