"Nem a filomitia em si própria (o amor dos mitos), nem a filo-epistemia (o amor das ciências), nem sequer a filognosia em geral (o amor da gnose), nem a filopistia (o amor da crença ou da fé) e, muito menos a filotecnia (o amor das técnicas, hoje paixão que tende a anular os primeiros estádios para o saber), podem bastar-se a si próprias, aspirar um estatuto de independência. [...] A alternativa vitoriosa é a vigente: um agir intermédio de ideias feitas, um pensar por estereótipos, uma prática sem teoria, um estarmos fora de nós para não estar em parte alguma, apenas os passivos, dóceis, domesticados, seguidores de ideologias, de doutrinas, de normas ditadas de fora, que nos transformaram pouco a pouco, de povo criador de civilização que fomos, em povo mimético, compensando os seus complexos e recalques com o discurso provinciano da "opção europeia" extrapolada mimeticamente para lá das meras práticas do mercado."
António Quadros, "Álvaro Ribeiro, mestre da geração do 57", in Revista Leonardo (I, nº2) pp. 16-17
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