quarta-feira, 9 de março de 2011

Sobre a fotografia em baixo

Se eu ficasse aqui, indefinidamente a escrever, transformar-me-ia num tecido puído; desfeita quando alguém, ou alguma coisa me tocasse, deixaria apenas poeira com brilho das palavras e dos seres.
[...]
Passei o dia com as plantas. A conversar sobre elas, a distribui-las pelos jardins em vasos e bacias de esmalte e de barro. Comprei dezenas no mercado de Jodoine onde pude finalmente ir por ser quinta-feira de Ascensão. Tive um pensamento, de que já perdi a memória textual, onde plantas germinavam na sombra. Perdi a maneira de dizer, que era exacta e solidária - singular. Um dia, no Inverno, estava na estufa, quando senti o desejo irreprimível de baixar-me sobre a mesa e beijar uma planta. Desde aí, há entre elas e eu uma possibilidade de expressão, de código desconhecido.

Maria Gabriela Llansol

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