"(...) Junqueiro viveu, em certas quadras - e talvez precisamente naquelas em que a sua inteligência, tão aguda, poderia atingir as mais elevadas expressões, realizando possivelmente a sua decantada obra terminal de pensamento a sonhada e jamais realizada «Unidade do Ser» - para a obsessão das suas preciosidades de coleccionador de imagens, móveis, de tábuas, de faianças, de metais. Por outro lado, noutras horas, viveu para o medo infecundo e inconfessável da Morte. Mal se constipava, julgava imediatamente que estava «pronto». Uma dor de dentes era uma meningite. Um espirro, uma pneumonia.
Desse modo, a sonhada «Unidade do Ser» se foi perdendo e acabou por ficar no vastíssimo limbo das miríades de veleidades universais - e lusíadas...(...)"
Sant'Anna Dionísio
Alto Douro ignoto, Lello&Irmão, (1973), p. 37.
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