quinta-feira, 3 de novembro de 2011

António Quadros e a Cultura Luso-Brasileira


"Quadros demonstrou, ao longo de cerca de quatro décadas de produção, uma simpatia muito grande pelo Brasil, participando, inclusive, junto com brasileiros, da criação do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. Em 1965 fez a sua primeira viagem ao Brasil, a convite do compatriota Agostinho da Silva, quando proferiu conferências sobre Filosofia e Cultura Portuguesa na recém-fundada cidade de Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1975, é nomeado professor convidado na Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, onde participa do mestrado em Filosofia Luso-Brasileira por convite de Francisco da Gama Caeiro, então exilado no Brasil. Esses contactos não foram aleatórios. No livro "A Existência Literária" Quadros acredita no papel singular no cenário mundial de uma comunidade luso-brasileira, em suas rotas de encontros de tradições e esperanças. (...) Numa iluminogravura dedicada a António Quadros, revelando sua amizade e admiração, Ariano Suassuna explora as imagens das "duas pedras", da "onça malhada" e de uma "caravela". Além disso, compõe um poema chamado "A Viagem - com mote de Fernando Pessoa". Ao se apropriar de elementos portugueses, Suassuna reelabora-os, dando-lhes um carácter brasileiro. São significativas as "duas pedras", pois remetem à Pedra do Reino Encantado, obra tão admirada por António Quadros, e mais do que isso, chama-nos a atenção também a caravela, pois, ao invés de uma bandeira portuguesa, ela tem, no mastro, uma bandeira brasileira."



Joel Carlos de Souza Andrade
"António Quadros e a Cultura Luso-Brasileira:
O escritor como um missionário.", em D'aqui e D'além Mar I, 
Editora da Universidade Federal de Campina Grande (2010)

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