terça-feira, 22 de novembro de 2011

Jorge de Sena, Leonardo Coimbra e a Renascença Portuguesa


"(...) o gérmen da atitude política irá modelar em Jorge de Sena um comportamento isento, disputado para um partidarismo que tanto proveio de monárquicos como de comunistas, mas que inabalavelmente preservou sem concessões à direita ou à esquerda, na consciência do homem livre e insubmisso. (...) Em contrapartida, a crítica de Jorge de Sena surge-nos como que a fazer coro ou, no mínimo, objectivamente infundamentada, quando procura dirimir um movimento portuense tão importante como o da Renascença Portuguesa, em especial, quando sem fundamento intenta menosprezar personalidades tão meritórias e vincadas como a de Leonardo Coimbra, Que terá levado este homem inteligente a pretender assacar o demérito ao filósofo do Criacionismo, ou a não tolerar, no seu tempo, ideias de um Álvaro Ribeiro? Estaria Sena tão bem informado sobre o valor intrínseco de cada um destes homens (assim como do alcance e significado da Renascença Portuguesa) ou, pelo contrário, agiria apenas de acordo com o que uma certa tendência da intelectualidade portuguesa dos seus - e ainda nossos - dias, pretendia falsear? Aliás, não concedeu ele uma atenção particular na valorização da poesia e de um poeta renascentista como Teixeira de Pascoaes? Fiquemos, fundamentalmente, pelos méritos."

Paulo Samuel
Jorge de Sena e a fidelidade ao Porto, pp. 12-13
(Porto, 1989)

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