"(...) vale a pena meditar sobre o destino da Filosofia Portuguesa, acreditando que ela tem possibilidades de refazer num sentido amplamente positivo o ambiente de antipatia criado à sua volta e que me parece resultar a maior parte das vezes de equívocos sem realidade e razão de ser. (...) Em primeiro lugar, assinale-se que a verdadeira inclinação da Filosofia Portuguesa não é o nacionalismo nem mesmo o patriotismo; a sua vocação primeira e última é o universalismo.(...) Em segundo lugar, é preciso ter em mente que o movimento de Filosofia Portuguesa radica num homem, Sampaio Bruno (1857-1915), que foi um dos fundadores do Partido Republicano Português e um dos pensadores republicanos e anti-clericais que, na linha de Henriques Nogueira, mais se notabilizou no desenvolvimento de ideias inovadoras dum novo sistema político aberto de formas coercivas e que é de justiça (...) apelidar de libertário. Neste sentido nada mais de contrário ao espírito do movimento da Filosofia Portuguesa que certas afirmações de monarquismo que encontrei em alguns dos seus paladinos, sendo-me porém grandemente simpáticos, como Afonso Botelho, prestaram um mau serviço ao movimento pretendendo trazer para o seu seio ideias monárquicas e brigantinas. (...) Estou convencido que se as novas gerações souberem meditar com abertura de espírito e largueza de entendimento (...) o movimento de Filosofia Portuguesa poderá desfazer os principais equívocos em seu torno, encontrando um renovado fôlego de vida e conquistando um largo eco de simpatia na vida mental portuguesa, que ao menos faça justiça à sua grandeza de alma é à sua lucidez de entendimento. (...)"
António Cândido Franco
"Nótula sobre a situação actual e o destino da Filosofia Portuguesa" em No signo do 7: 150 anos de filosofia portuguesa: actas dos colóquios. Coord. ed. Guilhermina Ruivo, Maria José Albuquerque, Pedro Martins. Sesimbra: 2008.
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