"Hoje, passados três anos, é-me difícil transmitir ao leitor a emoção com que me aproximei de Bergson em Paris (Outubro de 1935) e o encanto sugestivo de pensamento com que abandonei o maior filósofo do nosso mundo latino actual. (...) Bergson, o corpo de Bergson, é uma sombra esbranquecida da figura delicada que todos nós conhecemos pela fotografia. A sua casa do Boulevard Beauséjour mostra imediatamente uma simplicidade distinta que prepara o acolhimento generosamente gentil com que o filósofo nos recebe. Um belo retrato a óleo de Bergson numa expressão meditativa de recolhimento é a apresentação quase-imediata do homem que todos nós conhecemos sem nunca termos visto. (...) Pouco depois entrávamos na sala de trabalho de Henri Bergson. Sentado, as pernas cobertas, os braços assentes e encolhidos, só a sua cabeça - a sua bela cabeça - era bem visível e expressiva. As primeiras palavras foram de agradecimento mútuo - as suas por delicadeza e as minhas por obrigação bem sentida. (...)"
Delfim Santos
"Uma Visita a Henri Bergson",
Ocidente vol.2, n.º34, Fev. (1941) pp.193-195.
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