sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ainda João Gaspar Simões, nos 25 anos da sua morte

João Gaspar Simões
"(...) Gaspar Simões andava sempre carregado de trabalho (crítica semanal no Diário de Lisboa e no Diário de Notícias, colaboração literária no Diário Popular e noutros jornais, a redacção da sua própria obra, e ainda a escravatura de tradutor em que por necessidade nunca deixou de andar enredado). No entanto, era frequente passar pelo café Brasileira do Chiado nos fins de tarde, quando se deslocava para entregar, ou artigos nos jornais, ou lotes de páginas traduzidas nos editores. Era pessoa discreta, mas controversa, nos meios literários pois todos e cada um temiam o seu juízo quando lhe enviavam um livro para crítica, um trabalho que exerceu até à morte, vencendo as objecções que lhe foram movidas pela corrente erudita ou crítica mediata, proposta pelas novas gerações das Faculdades de Letras, que recusavam valor científico à crítica imediata, da qual Gaspar Simões era o pontífice indiscutido. E, não obstante, foi no contexto do criticismo presencista e do exercício da crítica imediata, que a literatura portuguesa cresceu e floresceu. Gaspar Simões algumas vezes se enganou nos prognósticos, mas em muitas outras teve a premonição de, nas suas leituras, adivinhar se os autores novíssimos seriam, ou não, autores com futuro."

Pinharanda Gomes
em "A tertúlia de Álvaro Ribeiro e de José Marinho"
Revista Nova Águia, nº 8, 2011, pp 117-125.

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