Amorim Viana |
«À influência do ambiente e da ideologia paternas, ao descobrimento do mal, ao choque com o Diário da Tarde e com... a Carta Constitucional, aliou-se a figura enigmática de Amorim Viana e a leitura da sua opus magnus, Defesa do Racionalismo ou Análise da Fé, que, publicada em 1865, teve uma terceira edição em 1885. (Três edições, num lapso de vinte anos, de um notável livro de filosofia religiosa heterodoxa no Porto dos fins do século passado - XIX!) O Newton da Academia Politécnica do Porto, «sujíssimo, rotíssimo, sempre com um chapéu alto imundamente oleoso e com umas botas gretadas e cambas», atravessava «filosoficamente de bengala na mão as ruas do Porto, ainda que chovesse a cântaros, fazia paragens nos botequins, especialmente no chalet da Cordoaria, para beberricar bebidas brancas, genebra, de preferência», e encafuava-se longamente, indiferente a tudo, na Biblioteca Pública. Aí, Bruno e Basílio Teles, meninos do Liceu, «com um estremecimento íntimo», iam «espreitar o sábio no isolamento da sua absorvida leitura». Um sábio, da categoria de «Descartes, Montesquieu, Jouffroy», ali à mão de semear, nas ruas do Porto! Era de fazer perder a cabeça a jovens intelectualmente ambiciosos...», como por exemplo Sampaio Bruno. (Joel Serrão)
J Francisco Saraiva de Sousa
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