Imagem: «Fantasia Lusitana» | João Canijo | 2010 |
"Otília Martins, no seu interessante estudo «Lisbonne, 1940: sur la Route de l'Exile», elenca também todos os reconhecidos nomes da vida cultural mundial que passaram pela capital portuguesa. E lembra também um outro caso de suicídio, o de Alexander Alekhine no seu quarto do Hotel Palácio, mais um dos dramas que ensombraram o paraíso artificial que Portugal representava em tempo de guerra. Nesse artigo vemos também sublinhada a divisão entre os exilados em Lisboa, na maior parte dos casos sem condições, empobrecidos e saudosos das grandes fortunas que deixaram os seus países de origem, e os exilados de Estoril e Cascais, que viveram o chamado «exílio dourado». (...) Assim, funcionando Lisboa como porto e porta de saída para os outros países europeus, ficava também na memória dos que por cá passaram como uma lembrança de um país algo alienado do resto do mundo. Isolado, como todos os oásis têm de ser, e fechado como os abrigos devem ser, acabava por não sentir a evolução dos tempos, por negar quase esquizofrenicamente o levantamento do «gigante» americano e, consequentemente, toda a panóplia de produtos culturais que este oferecia ao resto do mundo. (...)"
Rosa Fina
Pearlbooks (2013) pp. 44-45
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