"Talvez não estejamos desligados de Portugal,
dos escritores portugueses
contemporâneos, tanto quanto se diz. Há sempre os leitores de António Sérgio, João Gaspar Simões, Casais Monteiro, José Osório de Oliveira, Manuel Anselmo, sem falar dos poetas,
é de um crítico jovem que quero tratar, de António Quadros,
que reuniu em "Modernos
de ontem e de hoje", os
seus ensaios literários dos vinte anos, um voluminho simpático (Portugália Editora, Lisboa)
que nos traz um mundo
de escritores, de artistas que
lhe serão caros e que encontram eco na nossa sensibilidade. António Quadros diz as coisas que ele pensa com um jeito
(fino, essa delicadeza incomum em alguns críticos, e os seus
ensaios acabam sendo uma ronda
amorosa em torno de escritores e ideias. Ronda de que ele não exclui os brasileiros, um José Lins do Rego, um Ribeiro Couto, um Enrico Verissimo. (...) António Quadros mostra, à medida que vamos entrando na sua intimidade, no seu convívio com os livros, uma inteligência muito sensível que pouco tem de adolescente, de vinte anos, que mais parece revelar um velho habitus literário. (...) Não sei de nada sobre ele a não ser este livro, não conheço
referência a ele em outros
escritores, mas acho que sei
alguma coisa, acho que sei um
pouco desta sensibilidade devotada
ao belo, ao humano, que
se oferece à gente neste volume
de trezentas páginas. Os seus
ensaios provam uma vivência
literária e um estado intelectual
e lírico que a gente encontra
com menos assombro num Roberto
Alvim Corrêa, num Augusto
Meyer, para falar nos nossos,
do que neste companheiro
de vinte anos. (...)"
Carlos David
"Um jovem crítico português", Letras e Artes (Suplemento de "A Manhã")
16-03-1952
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