segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

"António Quadros um jovem crítico português"


"Talvez não estejamos desligados de Portugal, dos escritores portugueses contemporâneos, tanto quanto se diz. Há sempre os leitores de António Sérgio, João Gaspar Simões, Casais Monteiro, José Osório de Oliveira, Manuel Anselmo, sem falar dos poetas, é de um crítico jovem que quero tratar, de António Quadros, que reuniu em "Modernos de ontem e de hoje", os seus ensaios literários dos vinte anos, um voluminho simpático (Portugália Editora, Lisboa) que nos traz um mundo de escritores, de artistas que lhe serão caros e que encontram eco na nossa sensibilidade.  António Quadros diz as coisas que ele pensa com um jeito (fino, essa delicadeza incomum em alguns críticos, e os seus ensaios acabam sendo uma ronda amorosa em torno de escritores e ideias. Ronda de que ele não exclui os brasileiros, um José Lins do Rego, um Ribeiro Couto, um Enrico Verissimo. (...) António Quadros mostra, à medida que vamos entrando na sua intimidade, no seu convívio com os livros, uma inteligência muito sensível que pouco tem de adolescente, de vinte anos, que mais parece revelar um velho habitus literário. (...) Não sei de nada sobre ele a não ser este livro, não conheço referência a ele em outros escritores, mas acho que sei alguma coisa, acho que sei um pouco desta sensibilidade devotada ao belo, ao humano, que se oferece à gente neste volume de trezentas páginas. Os seus ensaios provam uma vivência literária e um estado intelectual e lírico que a gente encontra com menos assombro num Roberto Alvim Corrêa, num Augusto Meyer, para falar nos nossos, do que neste companheiro de vinte anos. (...)"

Carlos David
"Um jovem crítico português", Letras e Artes (Suplemento de "A Manhã") 
16-03-1952

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