"Katherine Mansfield (...) é (...) um caso em que há completa identidade entre a mulher e a artista. (...) Tudo o que encontramos na sua personalidade de mulher, encontramo-lo na sua personalidade de contista. (...) Numa carta ao seu marido John Middleton Murry, diz: «Foi esta a vida cerebral, esta vida intelectual à custa de tudo, que nos trouxe a este estado de coisas. Como poderá ela salvar-nos? Não vejo nenhuma possibilidade de salvação, se não aprendemos a viver também com as nossas emoções e os nossos instintos, mantendo-os todos em equilibro. (...) É apenas sendo fiel à vida, que posso ser fiel à arte. E fidelidade à vida significa bondade, sinceridade, simplicidade, probidade.», declara Katherine Mansfield no seu Diário. (...) Como mulher, dava a impressão de flutuar num mundo estranho, um pouco longe da vida e, no entanto, profundamente agarrada à terra. (..) Katherine Mansfield é a contista mais completa e a mulher mais apaixonada pela vida, que existiu. (...)."
António Quadros
"Uma pausa: Katherine Mansfield", Modernos de Ontem e de Hoje
Portugália Editora (1947), pp. 71-79
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