- Não sei. Tenho medo. Não sou capaz de continuar.
- Não és capaz? Agora, que tudo ia tão bem? Não vês como tudo tem corrido hoje muito melhor?
- Mas tenho medo. Acho que estamos a dar cabo de nós. Qualquer dia damos cabo um do outro.
- E então, não vale a pena? Ou sentes-te muito satisfeita com aquilo que és? Ou pensas que me devo sentir muito satisfeito com aquilo que sou?
(...)
- O que é preciso é irmos todas as noites cada vez mais longe.
- E depois?
- Ou há sempre depois ou deixa de haver depois. Não podemos parar.
- Eu preferia que voltássemos para trás.
- Não. Isso nunca.
David Mourão-Ferreira
Os Amantes (1968) p.117
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