"(....) Como escreveu George Steiner, «há tempos de crise em que só a utopia é realista». O realismo da extensíssima rede de possibilidades de “vida real” que o passado nos legou sob a forma de tradição e cultura, nem sempre tem aplicação imediata. A ciência nem sempre tem aplicação imediata. Os saberes nem sempre têm uma aplicação imediatamente quantificável. No entanto, esse facto não os impede de contribuírem decisivamente para a criação de coesão social, espírito de pertença, sentido. Sem isso, nenhuma vida é real, nem sequer a das empresas. O desprezo com que os nossos governantes encaram actualmente a infelicidade social dos portugueses compreende-se melhor no contexto desta obsessão empresarial. E no entanto, “há mais coisas nos céus e na terra...”. O excessivo protagonismo de empresas, empresários e empreendedores decorre de uma descrição ideologicamente construída; uma descrição que desvaloriza muitas outras profissões e actividades, sem as quais nenhuma sociedade digna desse nome pode sobreviver. O excessivo protagonismo de empresas, empresários e empreendedores decorre de uma descrição ideologicamente construída; uma descrição que desvaloriza muitas outras profissões e actividades, sem as quais nenhuma sociedade digna desse nome pode sobreviver."
Rosa Maria Martelo
Pelas 14h30 do dia 17 de Janeiro de 2014
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