"Pergunto: Se me propus a exprimir a minha estranheza pelo relativo silêncio e desinteresse à volta de dois livros notáveis, como poderia eu deixar de em larga medida ser polémico? Joel Serrão é que o poderia deixar de o ser perante o livro de Marinho. De modo nenhum quero dizer que o renunciasse a discuti-lo, ou a julgá-lo e apontar o que tivesse por suas deficiências. (...) Só quero dizer que a sua atitude poderia ter sido de esforço de compreensão. (...) O livro de José Marinho não lhe solucionou nenhum problema, nem lhe apontou nenhum caminho para a solução dos seus problemas. (...) Deixando, porém, este tom, sem desaproveitar inteiramente o sumo do que foi dito: Se a complexidade do homem é um facto; se, como reconhece Joel Serrão, por vários caminhos se poderia ir à procura da Índia (...) - pergunto: Não poderemos deixar de reduzir a mera ilusão duma maturidade antecipada o esforço do autêntico crítico para julgar as obras dum plano que até certo ponto transcenda o individual? (...)"
"Da literatura e da crítica, Nem polémica nem academismo"
Mundo Literário, Semanário de Crítica e informação
nº39, 1 de Fevereiro de 1947
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