"Seria necessário, entretanto, acrescentar algo mais. Pois ainda não foi dito que a
felicidade deve ser inseparável do otimismo, custe o que custar. Ela está ligada ao amor —
o que não é a mesma coisa. Pois conheço certos momentos e lugares em que a felicidade
pode parecer-nos tão amarga que preferimos apenas sua promessa. Isso porque, nesses
momentos ou nesses lugares, eu não tinha coragem bastante para amar, isto é, para não
renunciar. O que é preciso mencionar aqui é o ingresso do homem nas festas da terra e da
beleza. Pois, nesse instante, tal como o neófito deixa cair seus derradeiros véus, o homem
abre mão, diante de seu deus, da insignificante moeda de sua personalidade. (...)"
Albert Camus
"O Deserto" em Núpcias, O Verão
Editora Nova Fronteira (1979)
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