quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Festas da terra


"Seria necessário, entretanto, acrescentar algo mais. Pois ainda não foi dito que a felicidade deve ser inseparável do otimismo, custe o que custar. Ela está ligada ao amor — o que não é a mesma coisa. Pois conheço certos momentos e lugares em que a felicidade pode parecer-nos tão amarga que preferimos apenas sua promessa. Isso porque, nesses momentos ou nesses lugares, eu não tinha coragem bastante para amar, isto é, para não renunciar. O que é preciso mencionar aqui é o ingresso do homem nas festas da terra e da beleza. Pois, nesse instante, tal como o neófito deixa cair seus derradeiros véus, o homem abre mão, diante de seu deus, da insignificante moeda de sua personalidade. (...)"

Albert Camus
"O Deserto" em Núpcias, O Verão
Editora Nova Fronteira (1979)

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