sexta-feira, 27 de março de 2015

Fernando Gil e José Marinho

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DN: Como é que surge a filosofia para si? O seu percurso é algo atípico; fez uma breve incursão na Sociologia, licenciou-se em Direito, e em 61 decidiu-se pelo estudo da Filosofia em Paris.

Fernando Gil: Nessa altura, em 61, já tinha escrito um livrinho de filosofia. 

DN: Não foi uma espécie de ousadia escrever um livrinho de filosofia sem antes a ter estudado?

Fernando Gil: Foi com certeza o exemplo de um mestre, José Marinho, que eu frequentava em cafés da Avenida de Roma, que podia animar um jovem, que tinha tido alguma revelação da filosofia através do prefácio da «Fenomenologia da Percepção» de Merleau-Ponty, a avançar sozinho. O José Marinho era, justamente, um filósofo insensato, e animava tudo o que pudesse parecer um caminho pessoal. Não fui só eu; várias pessoas à volta dele beneficiaram desse apoio. Talvez tenha sido ainda mais insensato porque escrevi o livro sabendo muito pouco de filosofia.

DNa | Diário de Notícias | 2000

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