quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Conferência de António Quadros


Romantismo e misticismo na pintura de Teresa de Saldanha - 1988


"O homem europeu de 1820 herda de 1789 a revolta contra toda a autoridade eclesiástica ou teológica, mas apura o seu liberalismo e projecta-o no plano de uma espécie de religião de natureza transcendental. Aliás, a palavra alemã stimmung, mais do que a palavra sentimento, define com outra precisão o que é a vivência romântica: é, digamos, o estar em simpatia com o outro, e no plano das relações humanas a stimmung só encontra tradução na ideia de comunhão entre “o amador e a coisa amada”. Não é de modo algum despropositado considerar que o amor é a forma suprema do romantismo; a ponte, o elo de ligação entre dois seres, homem e mulher, não é o contrato de casamento, não é a vontade de constituir família, não é sequer a atracção sexual, embora possa também ser tudo isto secundariamente porque é essa espécie de milagre indefinível, pelo qual dois seres distintos, sem razões que como tal possam ser reconhecidas, entram em simpatia, em comunhão, em stimmung. É o que Goethe chamava, e deu o título ao seu famoso romance, as afinidades electivas; trata-se de uma afinidade por assim dizer inata entre dois seres, que, reconhecendo-se, se elegem mutuamente, aspirando a uma fusão completa, como no mito antigo, então de novo em grande voga, de Tristão e Isolda, que segundo Denis de Rougemont é o fundamento do amor no Ocidente. [...]"

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António Quadros (Por ocasião do 150º aniversário do  nascimento de Madre Teresa Saldanha, 1988, Fundação Calouste Gulbenkian)

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