"O epistolário de Delfim Santos (1907-1966) com António Ferro (1895-1956), Fernanda de Castro (1900-1994) e António Quadros (1923-1993) documenta 22 anos de admiração e estima mútuas, reflectindo magnificamente a época em que viveram estas quatro personalidades marcantes da cultura portuguesa. Teve Delfim Santos um percurso singular, que o conduziu de uma juventude de aprendiz de ourives até ao estudioso profundo e expositor brilhante da filosofia do seu tempo, a par do mestre carismático de gerações de futuros docentes na Faculdade de Letras de Lisboa; e são raras as famílias que se notabilizam literáriamente ao longo de duas gerações, como foi o caso da Família Castro e Quadros Ferro — ou também dos Osório de Castro, aqui presentes através de José Osório de Oliveira, grande colaborador de António Ferro e amigo de Delfim Santos. (...)
Estando os pais ausentes no exterior, o contacto de Delfim Santos com a família Castro e Quadros Ferro centra-se agora no filho, que elege o campo filosófico e literário, sem descurar o das artes, como terreno para a sua crescente afirmação pública. Partindo do existencialismo e do personalismo, António Quadros retorna à Renascença Portuguesa de Pascoaes e Leonardo, desenvolvendo a componente profético-espiritualista e pessoana desta corrente, da qual se tornará um expoente e par de Agostinho da Silva. Delfim Santos, que fora um dos últimos dirigentes da Renascença em fase já pós-pessoana e director da 5ª e última série do órgão do movimento, a revista A Águia, onde Pessoa se estreara em 1912, desenha um percurso inverso, mas não colidente, com o de António Quadros: irá partir do saudosismo nacionalista e espiritualista de Pascoaes via Leonardo para chegar ao existencialismo e personalismo universalistas."
Filipe Delfim Santos
Delfim Santos e a Família Castro e Quadros Ferro
Edições Fundação António Quadros (2011)Leia o texto completo aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário