sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Poder nativo

"O cadáver da Pátria tinha ainda uma pequena parte viva, onde se refugiara a sua alma, a que se despe de toda a nódoa carnal e se concentra na sua região mais elevada. A alma é um espaço montanhoso. Da sua maior altitude, quase se descobre Deus...Assim em Frei Agostinho da Cruz, a alma pátria atinge aquele alto píncaro, de onde se avistam as estrelas, olhando para baixo... A Elegia saudosa diviniza-se por espontânea iluminação da sua virtude originária. O poder nativo de conceber a Divindade, encontra, em Frei Agostinho, a hora do máximo esforço vitorioso. (...) Atingindo a nossa Poesia a maior altura em Camões e Frei Agostinho, é natural a sua decadência suceder ao máximo esplendor."

Teixeira de Pascoaes
Os Poetas Lusíadas
(1919)

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