"Não há história sem linguagem e não há linguagem sem poesia. A «presença humana» é, neste sentido, sempre poética. A essencial manifestação da linguagem é por sua vez o diálogo, e o diálogo o essencial fundamento da «presença humana». Mas a linguagem é o «mais perigoso de todos os bens», e a poesia, sendo «a mais inocente das ocupações», é também algo perigoso. A poesia parece uma actividade lúdica; porém, há uma diferença a notar entre jogo e poesia: o jogo reúne os homens e de tal modo que cada um se esquece de si próprio; na poesia o homem concentra-se no fundamento da sua própria presença. A poesia revela a poesia e o sonho em frente à realidade. E mais do que isto. A poesia mostra que a realidade é o mundo que ela revela e não aquilo que como tal é tido por todos. Poesia é a firme fundamentação da realidade. (...)"
Delfim Santos
Revista de Portugal, nº4, 1938
via Homo Viator
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