"O Brasil não poderá nunca ser o guia e o instaurador de uma
cultura de verdadeira convivência, entre os homens e dos homens com
o mundo, de verdadeira liberdade, que não é apenas a liberdade política,
mas igualmente a liberdade econômica, a liberdade de agir como ser
físico independentemente das reais ou supostas fatalidades do universo,
e de liberdade de criação poética, quer essa poesia seja a de uma
interjeição lírica, ou a de uma equação ou a de um motor melhor que
Diesel, sem que entenda que isso é conhecer como se formou, a partir das três grandes correntes do índio, do português, do africano,
como age no seu presente, depois de ter assimilado tanto outro
grupo imigratório e de se ter posto em contacto com tantos outros
povos do mundo, e sobretudo como se pensa, ou fantasia, ou se
projeta para seu futuro, quanto aos indivíduos que o compõem,
quer sejam os de um São Paulo, técnico e metropolitano, quer os
de um Nordeste que só agora começa libertando-se de ser uma
colônia do referido São Paulo. Se é que São Paulo não vai tentar
que continue seu regime colonial por meio de um neocapitalismo
disfarçado em nacionalismo econômico. (...)"
Agostinho da Silva
Cadernos de Estudos Brasileiros, Goiânia:
Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás,
nº 1, outubro de 1963, p. 29-34
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