quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dedicatória de António Quadros

"À srª D. Manuela e ao Prof. Delfim Santos of.[erece]  este livrinho de contos (Histórias do Tempo de Deus) de impenitente e dispersivo polígrafo, o seu amigo de há já bastantes anos e admirador da sua obra e do seu pensamento,

António Quadros
11/06/66"

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Conversa entre Orlando Vitorino e João Luís Ferreira

João Luís - Quer falar de arquitectura para uma revista que se intitula “Utópica”?
Orlando Vitorino - Porque não? A contradição pode ser estimulante.

J.L. - Onde está, neste caso, a contradição?
O.V. - É que toda a arquitectura é tópica. A utopia é o que não tem lugar. Ora nada pode haver sem lugar, o que é sobretudo evidente na arquitectura.

(...)

J.L. - Os “caminhos na utopia” conduzem, portanto, à anti-utopia?
O.V. - Sim. Mas há sempre a possibilidade de entender a utopia como um idealismo provocado por uma justa reacção ao que se encontra institucionalizado. Neste caso, dir-se-à utópica a procura de caminhos (já não na utopia como queria M. Bubber) que o institucionalismo - regimes políticos, universidades, opinião pública... - tem por função impedir. Creio que é este o caso da sua revista “Utópica”. Podemos, portanto, conversar.

J.L. - Diga-me então: que é a arquitectura?
O.V. - É lugar e proporção.

J.L. - Que é o lugar?
O.V. - É, primeiro, a negação do espaço.

J.L. - Como nega o lugar o espaço?
O.V. - Marcando-lhe limites, definindo-o.

J.L. - A definição é negação?
O.V. - Foi o que nos ensinou Espinoza, que era geómetra, ao pôr como princípio de imaginar e pensar que “toda a afirmação é negação” pois nega o que fica fora do que se afirma.

J.L. - Onde começa a arquitectura?
O.V. - Começa ou na Grécia ou no Céu ou no Céu e na Grécia.

J.L. - E o Egipto?
O.V. - Aí, foi só geometria. Faltava a proporção para ser arquitectura.

J.L. - Julguei que na Grécia só havia começado a filosofia.
O.V. - A filosofia é o embrião que contém todas as artes.

J.L. - Tudo, então, é filosofia?
O.V.- Nada é sem filosofia.

J.L. - Onde está, no embrião, a arquitectura?
O.V. - Na geometria.

J.L. - Foi por isso que Platão escreveu sobre os umbrais da escola: “só entram os que são geómetras”?
O.V. - Exactamente.

J.L. - Que é a geometria?
O.V. - É a primeira determinação do lugar e a primeira negação do espaço.

J.L. - Diz-se que os gregos ignoraram o infinito. Foi por serem geómetras?
O.V. - O infinito é a negação do limite, portanto do lugar. Onde está o infinito, não há geometria. há só matemática.

J.L. - Os gregos não foram matemáticos?
O.V. - Aristóteles deixou escrita a refutação da matemática. Dos modernos, só Hegel compreendeu e repetiu a refutação. Dos contemporâneos, só Leonardo Coimbra.

(...)

J.L. - Qual o lugar arquitectónico do homem. É a cidade? É a casa?
O.V. - Hegel, que era nórdico e, como protestante, “trazia o Deus na barriga”, disse que a primeira obra arquitectónica é o templo a que chamou “a casa de Deus”.

J.L. - Está certo?
O.V. - Está errado. Tudo o que é do homem tem início no homem.

Revista Utópica (1988)
Entrevista completa pode ser lida aqui.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pinharanda Gomes na homenagem a António Quadros

“Mas…naturalmente eu não falei, estive só a desfiar fio, a desfilosofar […] e claro que nunca mais sairíamos daqui – e sairíamos daqui a saber menos do que aquilo que actualmente gostávamos de saber. Para mim, o ter conhecido António Quadros, o ter recebido dele provas de afecto (não só afectivo mas também intelectual) são milagres do céu, que eu mantenho comigo e dos quais nunca me poderei esquecer. Espero de Deus que me conceda a capacidade de ser fiel ao ideal e à herança que dele recebi. “

Pinharanda Gomes
Newsletter da Fundação António Quadros, nº 22, Abril 2011
disponível aqui.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Carta de Delfim Santos para António Quadros, 23 de Março de 1950

Delfim Santos e a Família Castro e Quadros Ferro
Edições Fundação António Quadros (2011)
"De mim exijo fidelidade a um apostolado de muitos anos, embora por vezes me sinta cansado de tão longa e árdua luta contra a mesquinhez, a calúnia, a rasteira com sorriso e tudo o mais ao longo destes últimos 10 anos. Foram 10 anos infelizes que só pude aguentar com a simpatia, a amizade, a dedicação da maior parte dos meus alunos. E é isto que positivamente conta para mim, V. quis ser generoso e veio afirmar-me que eu não me enganei. E julgo que a minha força, a minha possibilidade de acção no futuro, dependerá dos meus amigos que foram meus alunos. Compreendo assim a importância do seu testemunho, da sua carta chegada em hora tão oportuna. Quanto à Faculdade estive sempre de acordo com o juízo negativo dos estudantes e continuo a estar. [...]"

Delfim Santos 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

De Herberto Helder para António Quadros

Para António Quadros, 
com a já velha amizade 
e a admiração renovada 
do Herberto Helder. 

Junho, 91.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Filosofia Portuguesa (17 de Janeiro de 1981)

Jantar do grupo da «filosofia portuguesa», dia 17 de Janeiro de 1981: 1º plano (de costas): José Manarte, Luís Furtado. 1º plano (de frente ): João Bigotte Chorão, Alberto Castro Ferreira, Francisco da Cunha Leão, Abel Lacerda Botelho. 2º plano (de frente ): Pinharanda Gomes, Luís Espírito Santo, Afonso Botelho, António Quadros, Vasco da Gama Rodrigues, Álvaro Ribeiro, Orlando Vitorino, António Braz Teixeira.