terça-feira, 30 de abril de 2013

Não obstante

"Não obstante, estamos em crer que António Quadros, íntima e paradoxalmente, sabia que a especulação filosófica, no que tem de verdadeiramente criador e imprevisível, não nasce em institutos de cultura nem, muito menos, se pauta por artigos de revistas eruditas e universitárias, ou até mesmo se limita a roteiros bibliográficos ou a trabalhos especializados de divulgação, crítica ou comentário do pensamento alheio. (...)."
Miguel Bruno Duarte
Blogue Liceu Aristotélico, (20 de Abril de 2013) publicado aqui.

sábado, 27 de abril de 2013

Do Existencialismo à Filosofia Portuguesa

"Resta-nos estabelecer essa outra relação que de princípio esboçámos - a saber, se laços há, na realidade, entre o existencialismo e o problema das filosofias nacionais (...)"

António Quadros
em Sartre e o Existencialismo de Ismael Quiles, Arcádia ( 1959), p. 23.

Concreta experiência

"A filosofia não dispensa a concreta experiência individual como canalizadora da cultura herdada. (...)"

António Quadros
em Sartre e o Existencialismo de Ismael Quiles, Arcádia ( 1959), p. 23.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

No limite

"No limite, porém, no caminhar humano para a iluminação e para a verdade não há Ocidente e Oriente. (...)"

António Quadros 
O Movimento do Homem 
Sociedade de Expansão Cultural (1963), p.128

terça-feira, 23 de abril de 2013

À medida do diamante

"E a partir daqui, meu filho, os homens dessa família escolheram as suas mulheres à medida do diamante, mulheres capazes de o amar e de o compreender, de o guardar como o mais alto bem, sem nunca o mostrar, sem nunca o vender, nem mesmo no meio das maiores dificuldades, mesmo quando a pobreza, a doença e a morte se ergueram sobre as suas almas afligidas. (...)"

António Quadros
Anjo Branco, Anjo Negro, (1973) 
Parceria A.M. Pereira pp. 132-133

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Pós-modernismo

"Moderna ou hodierna é e sempre foi toda a arte (...) O pós-modernismo (...) só tem sentido se constituir um salto para além de todas as escolas modernistas."

António Quadros
"Do modernismo formalista ao pós-modernismo simbolista"
Comunicação apresentada no Encontro de Arte «Marca», no Funchal, (Setembro de 1987), publicada em Memórias das Origens Saudades do Futuro (1992) p. 198

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Colóquio Internacional António Quadros | Lisboa e Rio de Janeiro

Real Gabinete Português de Leitura | Rio de Janeiro

O Colóquio Internacional António Quadros, que se realiza nos dias 14 e 15 de Maio na Universidade Católica Portuguesa, tem o seu encerramento marcado para o dia 5 de Junho no Real Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro, onde o autor desta página vai estar para lembrar o seu avô, nos 90 anos do seu nascimento e 20 da sua morte. 
No Brasil, o programa dará especial atenção à relação de António Quadros com a cultura brasileira. Serão revisitados alguns temas que marcam a sua obra e recordadas as suas digressões ao encontro do pensamento brasileiro, não só no Rio de Janeiro, mas também na Bahia, Fortaleza, Ceará e São Paulo, cidades para onde levou a cultura portuguesa através de palestras sobre Fernando Pessoa, Miguel Torga, Sampaio Bruno, Amorim Viana, José Marinho, Álvaro Ribeiro, entre outros e onde, nomeadamente, conheceu Ariana Suassuna, Miguel Reale, Edson Nery da Fonseca, Lygia Fagundes Telles, Guimarães Rosa, Marques Rebelo, Thiago de Melo, Fernando Ferreira de Loanda, Ledo Ivo, Domingos Carvalho da Silva, Guilherme de Almeida, Luis Washington Vita, Antonio Paim, Francisco Brennand, João Alves das Neves, Ana Maria Moog Rodrigues, , Eudoro de Sousa, Gilberto Freyre, etc.




"É nossa convicção que Portugal e Brasil de hoje (...) se unem na vinculação de uma pátria transcendente, representada em primeiro lugar por uma língua comum, veículo de espírito irradiante, expansivo e exigente do dinamismo que lhe estamos a negar, por desacerto filosófico. (...) Talvez seja preciso inventar um nome que corresponda ao vero ecumenismo lusíada, que traduza o espírito da língua portuguesa. Talvez esse nome tenha o condão, num futuro mais ou menos próximo, de anular as diferenças e os antagonismos que nos separam como mátrias ciosas de privilégios nacionais (...)" 
António Quadros 



Programa:

09h30 Recepção dos participantes
10h00 Apresentação
António Gomes da Costa — Presidente do Real Gabinete Português de Leitura
Nuno Bello — Cônsul-Geral de Portugal no Rio de Janeiro
António Quadros Ferro — «António Quadros no Brasil 20 anos depois»


12º Painel 11h30 - 13h00
Mário Sérgio Ribeiro «A Filosofia do Movimento em António Quadros: Prolegômenos Especulativos à Operacionalização da Saudade do Futuro»
Alexandro Souza «Razão e Pátria: António Quadros, o “57” e a Ideia de Filosofia Portuguesa»
Marco Antonio Barroso «Mito, História e Meta-História: um Confronto entre o Pensamento Existencial de António Quadros e Vicente Ferreira da Silva»

13h00 - 14h30 Pausa para Almoço
13º Painel 14h30 - 16h30

Constança Marcondes César «A Visão do Brasil em António Quadros: Vieira, Canudos, Suassuna»
Loryel Rocha «O Caráter Paraclético e Apocalíptico da Ilha Brasil no Contexto do Mito Sebastianista»
Joel Carlos de Souza Andrade «António Quadros e o Sebastianismo Brasileiro»
Lúcia Helena Sá «António Quadros como Precursor dos Estu-dos do Sebastianismo na Literatura Brasileira»

16h30 - 17h00 Pausa para Café

14º Painel 17h00 - 19h00
Ana Maria Moog Rodrigues «António Quadros e o Brasil»
João Ferreira «História, Hermenêutica Esotérica e Filosofia em "Portugal: Razão e Mistério" de António Quadros»
Maria Isabel de Siqueira «A concepção de História em António Quadros: uma contribuição para o estudo da cultura portuguesa».
19h00 - Sessão de Encerramento

Programa completo aqui.

Imagens vivas


"Quis testemunhar-te, provar-te, e abri a memória da família e o passado, primeiro a pequena, depois a grande. Ansiosamente: mas em resposta só aí encontrei imagens vivas doutras vidas desconhecidas: casas nortenhas de negro granito, pedra sobre pedra solta, à beira do rio verde. Era justo após a calamidade inundação: as gentes pousavam nas margens, meditando ainda, homens e mulheres de negro vestidos; ou na levada lançavam flores brancas, ricárdias, em recordação e oblação, que nas águas tumultuosas ficavam suspensas. Tu olhavas sorrindo, minha surpresa, persistência noutra vida aí negada, ensinando-me a assumir o despojamento, o sacrifício ofertado noutra vida encarnada desconhecida. E no fim, ao alto da escada do castelo, disseste donde vinhas, o outro lado do mar, a terra verdadeira: e que esperavas a Mãe. E o teu nome complexo. Sobre mim curvado, o murmuraste, claro." 

 Dalila Pereira da Costa
 Os Jardins da Alvorada Lello & Irmãos Editores Porto (1981)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Espírito de descrença e negação

"É o espírito de descrença e negação que gera a necessidade de experiência e prova. Há assim sempre um fundo demoníaco em todo o saber, mesmo quando, num contraste perturbante para quem pensa, foram os sábios e os filósofos, em seu viver, equinânimes, bondosos e amigos do género humano. (...)"

José Marinho
Dispersos 
Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras (1989), p.195

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Leonardo Coimbra por Rocha Vieira

Ilustração Portuguesa, 5 de Fevereiro de 1921

António Quadros nos cursos de Cristandade

"Eu António Quadros, membro consciente do teu corpo místico, unido a toda a cristandade viva da tua igreja militante, sentindo a ânsia dos que não vivem na tua graça, movido pela esperança das almas que te irão conhecendo, solidamente firmado na minha vontade de ser Santo, entrego-me com o meu entusiasmo e o meu espírito de caridade para tornar mais efectivo o teu reino na minha alma e na dos meus irmãos."

21 de Outubro de 1964
Escola de responsáveis dos Cursos de Cristandade do Patriarcado de Lisboa

*Em folha desdobrável que terá sido entregue a todos os alunos do curso (ipsis litteris) para assinarem no espaço para o efeito. O texto não é escrito por António Quadros, mas marca uma passagem do escritor por aqueles cursos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Da forma

"O mistério da vida, o mistério da história, encerram-se e exprimem-se efectivamente no mistério da forma."

António Quadros
Introdução à Filosofia da História
Editorial Verbo, 1982, p. 175

A ameaça do Mito à liberdade e à iniciativa do Homem

"Quando a absolutização de um mito se transforma em utopia ameaçando circunscrever-nos a uma esperança no fim de contas passiva, impõe-se afirmar teorias da razão e da acção que devolvam ao homem iniciativa, que afirmem a sua liberdade e confinam valor ao seu trabalho, ao seu sacrifício, à sua luta quotidiana para se elevar acima da situação de crise ou retrocesso dentro da qual estiola, sem outro consolo do que a expectativa sempre adiada do regresso de D. Sebastião e a promessa obscura do apocalipse mítico do Quinto Império. (...)" 

António Quadros 
Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista (2001) p. 399