sexta-feira, 30 de setembro de 2011

10 Escritores x 10 obras = 100 anos de Literatura Portuguesa


Procurando o recuo suficiente para me dar objectividade crítica e pesando os factores simultâneos de originalidade de pensamento, de qualidade estética, de ressonância dentro da cultura portuguesa, de assunção de valores que considero pessoalmente essenciais, de empenhamento do próprio autor e buscando ainda não me circunscrever apenas à esfera literária citarei estes dez livros:

  • História de Portugal, de Oliveira Martins
  • Sonetos Completos, de Antero de Quental
  • Os Maias, de Eça de Queiroz
  • A Ideia de Deus, de Sampaio Bruno
  • Pátria, de Guerra Junqueiro
  • Regresso ao Paraíso, de Teixeira de Pascoaes
  • Húmus, de Raul Brandão
  • O Criacionismo, de Leonardo Coimbra
  • Mensagem, de Fernando Pessoa
  • Poemas de Deus e do Diabo, de José Régio


António Quadros
10 Escritores x 10 Obras = 100 anos de Literatura Portuguesa
Diário de Lisboa, 7 de Abril de 1970

António Quadros, o Jornal «57» e eu

"Data, pelo menos, de 1957, a amizade que me ligou ao escritor António Quadros. Aceitou-me no jornal «57», que dirigia e onde colaborei com vários artigos. No quinzenário «A Planície», de Moura, escrevi sobre um livro seu que muito me interessou: «A Angústia do Nosso Tempo e a Crise da Universidade» (1956). É um dos documentos que deixo no meu site «O Gato das Letras», secção «Lugar aos Amigos». Mas os melhores documentos são manuscritos e dactilmanuscritos, dele e meus, que guardo para a história na pasta preta vulgaris, Nº 48 (bola azul) do meu espólio. Além das cartas trocadas entre nós, há uma dactilografia minha, extensa, sobre o jornal «57», e que nunca talvez venha a saber se foi publicada: é provável que sim, porque se trata de uma cópia a papel químico do original. As minhas dissidências com a gente d’ A Planície, nunca com o Miguel Serrano mas com o núcleo do Porto que se tornou dominante no jornal, começaram exactamente por essa minha amizade com António Quadros. Para os esquerdistas meus «amigos» era proibido escrever sobre o filho de António Ferro e colaborar no jornal por ele dirigido. Anos mais tarde, num dos meus muito desempregos, foi ele, como director das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Gulbenkian, que me deu oportunidade de trabalhar na itinerante de Tavira. Volto sempre a ler os seus livros, incluindo aqueles em que estuda a filosofia portuguesa e não preciso de dizer que concordo com a maioria das suas teses, correctíssimas num país de intelectuais desalmados, para não dizer de «estrangeirados» sem remédio.

Voltarei sempre que possível a reler o António Quadros, repertório inesgotável de ideias e lucidez inexcedível."

Afonso Cautela
(1 de Agosto de 2005)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Para onde vai o romance contemporâneo?


"(...) O romance do futuro, aqueles para onde apontam os caminhos esboçados no nosso tempo (porque não pretendemos ser profetas), é o romance que aproveita as lições do passado, desprezando o que é inútil ou falso. A lição do romantismo, que coloca o homem como fulcro de toda a acção. A lição do realismo que dá a devida importância aos fenómenos exteriores. A lição do romance psicológico, que se ocupa do homem em «verticalidade», em profundidade, numa pesquisa dos actos e pensamentos humanos até às verdadeiras molas interiores do consciente para o subconsciente. A lição do naturalismo, que não tem medo de dizer a verdade, não recua perante certos «meios», certos ambientes. A lição do romance social que lembra, subtraídos os exageros e o parcialismo da escola, o factor económico na mentalidade humana. A lição do existencialismo, que coloca o homem numa posição metafísica, não esquecendo o sentido da sua existência. (...) julgamos que o romance do futuro não deixará de se ocupar da filosofia que actua, como pano de fundo, por detrás do homem, no plano de vivência da «realidade humana». (...)"

António Quadros
 "Para onde vai o romance contemporâneo?"
Revista Lusitânia, Documentário da Vida Portuguesa, nº1, pp.7-16.
(Maio de 1948)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Arte poética

"(...) A reflexão católica sobre a estética literária parece ter ficado como que estagnada na obra de Francisco Costa e de João Mendes. O primeiro, pela doutrina que produziu sobre as relações da Fé com a Literatura e mormente com a arte do romance, em apologia ao que designou por realismo integral, que não pode deixar de ser cristão; o segundo, pela abrangência que levou a cabo de toda a literatura portuguesa, numa perspectiva em que investiu mais do que a visão literária, pois a enriqueceu com o exercício de uma fundamentação filosófica e teológica. Este juízo não exclui a presença da vigília de António Quadros à literatura portuguesa. Na sua extensa bibliografia, a exegese literária de um ponto de vista filosófico, orientado por um entendimento existencial e por um critério hermenêutico, elaborado à luz de uma cultura situada, quase sempre contempla os fenómenos literários (sejam os novelísticos, sejam os poéticos) da língua e da cultura. Embora não tenha exercido a crítica como escritor católico declarado, estando mais identificado com a chamada ‘Filosofia Portuguesa’, cumpre firmar que o pensamento de Quadros é profusamente católico, principalmente depois do ensaio de antropologia filosófica intitulado O Movimento do Homem (1964). Ainda que tivesse iniciado a actividade cultural em 1947, ele é um autor da segunda metade do século XX e, no cenário da filosofia versus literatura, a sua obra principal é da segunda vertente, e baste citar três títulos de fundo: Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista (1988-1989), A Ideia de Portugal na Literatura Portuguesa dos Últimos Cem Anos (1989) e o seu derradeiro tratado de exegese, e, Estruturas Simbólicas do Imaginário na Literatura Portuguesa (1992). (...)"

Pinharanda Gomes
Centro de Estudos de História Religiosa - Universidade Católica Portuguesa
Lusitania Sacra. Lisboa, (2000)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Carta inédita de Álvaro Ribeiro a António Quadros

O último número da revista Nova Águia, que assinala os 30 anos da morte de Álvaro Ribeiro e os 50 anos desde a publicação da Teoria do Ser e da Verdade de José Marinho, traz uma carta inédita do autor de A Razão Animada a António Quadros.

Nesta edição, publicam-se ainda textos sobre Fernando Pessoa, Álvaro Cunqueiro, Joaquim Nabuco, Domingos Gonçalves de Magalhães, entre outros.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Miríades de veleidades universais

"(...) Junqueiro viveu, em certas quadras - e talvez precisamente naquelas em que a sua inteligência, tão aguda, poderia atingir as mais elevadas expressões, realizando possivelmente a sua decantada obra terminal de pensamento a sonhada e jamais realizada «Unidade do Ser» - para a obsessão das suas preciosidades de coleccionador de imagens, móveis, de tábuas, de faianças, de metais. Por outro lado, noutras horas, viveu para o medo infecundo e inconfessável da Morte. Mal se constipava, julgava imediatamente que estava «pronto». Uma dor de dentes era uma meningite. Um espirro, uma pneumonia.
Desse modo, a sonhada «Unidade do Ser» se foi perdendo e acabou por ficar no vastíssimo limbo das miríades de veleidades universais - e lusíadas...(...)"

Sant'Anna Dionísio
Alto Douro ignoto, Lello&Irmão, (1973), p. 37.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Uma carta de Sampaio Bruno


Diário de Lisboa, Suplemento Literário, nº 4859, 29 de Maio de 1936, p. 1 e 4.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Na morte de Leonardo Coimbra em Janeiro de 1936

Diário de Lisboa, nº 4714, 02 de Janeiro de 1936, p.8.


Diário de Lisboa, Suplemento Literário, nº 4722, 10 de Janeiro de 1936, p. 1.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tarde parlamentar

Diário de Lisboa, nº 1102, 07 de Novembro de 1924, p.8.
Mais sobre a polémica aqui.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ano Lectivo 1927-1928 da Faculdade de Letras do Porto



1ª fila, sentados da esquerda para a direita.

Professores:
Humberto Pinto de Lima (História Antiga)
Artur de Magalhães Basto (Arqueologia)
Aarão de Lacerda (Estética e História da Arte)
Teixeira Rêgo (Filosofia portuguesa)
Mendes Correia (Geografia)
Leonardo Coimbra (Filosofia)
Damião Peres (História de Portugal)
Hernâni Cidade (Literatura Francesa)
Ângelo Ribeiro (Literatura Alemã)
Newton de Macedo (Filosofia)
(ao lado deste, sentado nos degraus, o aluno José Walter da Fonseca Vasconcelos.)


2ª fila:

O aluno Torquato de Sousa Soares, o Professor Paulo Querette (Francês prático), a aluna Judite, outra aluna, a aluna Ana Cardim, filha do professor Luís Cardim e chefe da secretaria, aluna Maria da Assunção de Sá Cortez, outra aluna Maria do Rosário Machado Soares de Oliveira e Sousa, aluna Celeste Canijo Teixeira, mais cinco alunas, Sant'Anna Dionísio (de sobretudo).

3ª fila:

Um aluno, dois empregados, seis alunas, o aluno finalista (de chapéu) George Agostinho da Silva, aluna Alice Brandão Ramos (casaco escuro, gola de pele clara), duas alunas, aluna Laura Pinheiro Costa, três alunas, aluna Fernanda Matos Cunha, aluna Maria Guilhermina Ricca Gonçalves, duas alunas, Professor Francisco Torrinha (Latim), professor, (talvez) Hass Hemig, (Alemão prático), Professor Luis Cardim (Literatura Inglesa), com pasta debaixo do braço e bengala.


4ª fila:

Oito alunos, cinco alunas, três alunas, entre as duas últimas e um pouco mais atrás, o aluno Delfim Pinto dos Santos, ao mesmo nível e um pouco mais atrás, o aluno Fernando Pamplona, à frente e entre ambos, o aluno Adolfo Casais Monteiro, de óculos, ao alto dos degraus um empregado e o aluno (talvez?) Álvaro Ribeiro.

Fotografia e indicações concedidas a Dalila Pereira da Costa, por Maria Guilhermina Ricca Gonçalves, em 9-01-1990.


*via Biblioteca Agostinho da Silva.