"Em sua radicalidade, o problema da filosofia portuguesa é o problema da filosofia. Universal no seu anseio e destino, como busca plural e convergente da verdade, sempre e a cada momento recomeçada e posta em causa, interrogação cuja resposta não esgota nem capta de uma vez por todas o perene sentido da existente e suas razões, a filosofia, enquanto tal, isto é, enquanto pensar no homem e do homem, participa da sua própria condição de ser situado no mundo, numa pátria, numa língua, numa cultura, num culto. Individual e nacional no seu ponto de partida e em sua raiz, múltiplo na aventurosa variedade do caminhos especulativos que se lhe abrem, o filosofar é também, e simultaneamente, universal no sentido último da sua indagação e finalidade. Deste modo, contrapor abusivamente ao carácter nacional da filosofia a sua universalidade seria o mesmo que negar à ave o voar só por ter pernas, na feliz imagem de um pensador contemporâneo."
António Braz Teixeira
"Da Filosofia Portuguesa", em Espiral nº 4/5, p.42
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