segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Coitado do pobre Antero


Coitado do pobre Antero,
desnudado, analisado,
Não já o corpo, seu espírito,
Dissecado, Autopsiado.

Matou-se, mas era livre,
Liberdade era o seu bem,
Agora sua alma triste,
Já nem liberdade tem.

O que não disse, ele disse,
O que escreveu não pensou,
O que disse ele desdisse,
O que pensou não amou.

Coitado do pobre Antero!
Quero vê-lo, mas não posso...
Roubámos-lhe a liberdade,
Já não é dele, é só nosso.

António Quadros
por ocasião do Colóquio Anteriano em Ponta Delgada (14-10-1991)

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