segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tomaz, o Impostor. Tradução de António Quadros

"A guerra principiou na maior desordem. Esta desordem nunca cessou, do princípio ao fim. Uma guerra breve teria podido amadurecer e, por assim dizer, cair da árvore, enquanto que uma guerra prolongada por estranhos interesses, radicada fortemente ao tronco, não parava de oferecer aperfeiçoamentos que eram outros tantos recomeços e outras tantas correntes de forças. (...) Paris não era ainda a guerra. Mas a guerra aproximava-se e esta natureza intrépida escutava o canhão como por detrás de uma porta que os porteiros não deixam abrir. Na sede da guerra que a assaltava a  princesa era tão saudável quanto possível. Não a atraíam o sangue, a febre, a vertigem das corridas de touros. Pensava nestas coisas com repugnância. Lamentava os feridos. Não; o que ela era, era uma apaixonada das modas, das ligeiras como das profundas. A moda, agora, era o perigo; e a princesa morria de calma."

Jean Cocteau
Tomaz o Impostor, Edição Livros do Brasill, s.d. (1955)
Tradução de António Quadros

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