terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Comedido, sergiano, discreto, morno


"Com risco de me tornar desagradável aos visados, exemplificarei com o seguinte caso: Sobre O Pensamento Filosófico de Leonardo Coimbra [de José Marinho], publicou Joel Serrão, na «Seara Nova», um longo artigo. Joel Serrão é, sem dúvida, um nome já prestigioso entre os dos críticos mais recentemente revelados. Mas o que é, na realidade, o seu artigo sobre o livro de José Marinho? Uma declaração de oposição de atitudes: uma obra de polémica. Sobre um tão longo e meditado belo ensaio de crítica interpretativa, não quis ou não pode escrever Joel Serrão com a simpatia indispensável ao reconhecimento da qualidade da obra. Se me não atraiçoa a memória, o mais encomiástico adjectivo concedido por Joel Serrão ao livro de José Marinho - foi o comedido, sergiano, discreto, morno atributo de «relevante». (...)"

José Régio 
"Da literatura e da crítica, obras de qualidade"
Mundo Literário, Semanário de Crítica e informação
nº36, 11 de Janeiro de 1947

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