"A dimensão universal dos países ou das comunidades não se mede em termos de quantidade. Não são criadores de civilização, não são arautos do futuro, não são agentes do movimento histórico, que amplia e enriquece a humanidade, os países ou as comunidades por terem milhares de quilómetros quadrados, centenas de milhões de habitantes ou um grandioso potencial económico ou bélico.
Todas as nações são mátrias a um nível, mas só quando reconhecem e assumem a pátria ou o espírito dinâmico a que realmente pertencem, são capazes de virar o curso da história (...).
É nossa convicção que Portugal e Brasil de hoje, politicamente independentes e autónomos no plano da mátria ou da nação, todavia se unem na vinculação a uma pátria transcendente, representada em primeiro lugar pela língua comum, veículo de um espírito irradiante, expansivo e exigente do dinamismo que lhe estamos a negar, por desacerto filosófico. Que pátria é esta? A nossa pátria é a língua portuguesa. Não é Portugal e não é o Brasil. É infinitamente mais antiga, mais profunda, mais promissora e mais futurante. Falta-lhe um nome, que não ousaremos propor. Pátria paraclética, pátria espiritual, pátria movente, pátria todavia encoberta e em transe de revelação no drama e na epopeia da nossa história. António Vieira, um luso-brasileiro, chamou-lhe Quinto Império. (...)"
António Quadros
Seminário de Literatura e Filosofia Portuguesa
1988, Friburgo, Suíça
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