Carta a António Quadros - João Bigotte Chorão
Meu caro Amigo,
Não é a primeira vez que se me oferece o ensejo de escrever uma carta aberta a uma pessoa da sua família. Nesse reino – como chamar-lhe? – do esquecimento, não sei – quem sabe? – se há memória deste. Mas, se ao menos as boas lembranças permanecem, talvez recorde, perdoe-me a estultícia, uma que escrevi a sua mãe e que, por benevolência dela e pedido seu, veio a figurar como prefácio às admiráveis Cartas para além do Tempo. Ao lembrar essa carta, é que me decidi escrever-lhe, já liberto também o meu Amigo do tempo e das suas servidões. Não são as cartas, hoje quase uma recordação antiga, a via mais incisiva para um diálogo com quem está longe, tão longe que receamos que, em tão longo e incerto percurso, essas cartas se extraviem?
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