quinta-feira, 17 de abril de 2008

O vento vem aí

"Debruça-se, calado, sobre um livro.
O gesto é lento, os olhos sérios, quietos.
Antes como depois, morte e silêncio.
Que ficou desse instante satisfeito,

Cheio de um pensamento definido,
De um sonho a realizar-se, de um ideal?
O vento levou tudo, varreu tudo.
Murmurou por momentos um adeus,

- ou seria o lamento das folhagens?,
E logo foi varrer outros destinos...
Não é triste, poeta? Esta lágrima

É o movimento, o instante: tem-no a ele,
E a um cortejo de sombras, infinito.
Adeus, amigo, o vento vem aí..."

António Quadros, Viagem Desconhecida

2 comentários:

lupuscanissignatus disse...

viajante

brisa

errante

como nós

Maricelper disse...

Forte,
de embalado semblante.
Brisa
nem sempre fresca, refrescante.