quarta-feira, 21 de maio de 2008

“(…) a irresponsabilidade surge (…) em três instâncias. Quando o artista ou o poeta fixam o homem num presente estático e fixo; quando o amarram ao passado; quando o utopizam no futuro; por outras palavras, quando se imobiliza o tempo para melhor corresponder às exigências clarificantes da razão pura. (…)"

António Quadros, «A Existência Literária»

(...) Fazer arte é pois um acto de tremenda responsabilidade existencial. (...)

António Quadros

domingo, 18 de maio de 2008

Do medo da profundidade


"(...) Traumatismo profundo, que afecta fundamentalmente o próprio ser humano. No mundo robotizado dos «gadgets», o homem é menos homem. Tudo se complica em sua volta e dentro dele. Os ideais que persegue são aleatórios e ilusórios, deixando atrás de si um travo de amargura e de desespero. Não há tempo nem espaço, para a crença, para o amor, para o espírito, para a arte. É o cultivo do superficial e o medo cada vez maior da profundidade.(...)"

António Quadros
Franco-Atirador

segunda-feira, 12 de maio de 2008

“A literatura afastou-se pouco a pouco, não só das teses, mas ainda das ideias e dos ideais (..) literatura superficial, pura expressividade de criadores ou produtores suspeitos de arriscar no mais além do que o seu olho, o seu ouvido, a sua perspectiva subjectiva, instantânea e ante-metafísica, (…) arte que não põe problemas e não faz pensar.”

António Quadros, «A angústia do nosso tempo e a crise da universidade»

sexta-feira, 9 de maio de 2008

"(...) Tento em vão abrir os olhos. Há como que uma fina volúpia neste estonteamento, nesta nebulosidade. Batem à porta. Quem está aí? Sinto uma mão que, subtil, pousa no meu ombro. Escuto uma voz com uma inflexão recôndita e meiga. Conheço-a. Um frémito, uma aragem, uma vaga claridade. Alguém me disse um dia: vem, João. Outrem me solicita, agora: vem. É uma voz interior ou exterior? Há uma sombra morna e doce, há um perfumoso afago de cabelos inefáveis. Há uma frescura de asas. Há uma vaporosa, ondulosa coluna que me leva consigo, condescendente nos flutuantes movimentos do meu corpo. Vou. "

António Quadros, Uma Frescura de Asas