"Os anos rolaram. Não perdemos nunca felizmente a ingenuidade das nossas primeiras indignações. Também nunca as confundimos com os processos sofísticos ou dialéctivos de movimentos apenas interessados em substituir uns professores por outros professores, uma burocracia por outra burocracia. Marchámos em difícil equilíbrio sobre um fio escaldante, recusámo-nos ao hipnótico jogo das direitas e das esquerdas, repudiámos a proposta opção entre formas paralelas de adormecimento mental, fizemos do nosso patriotismo o único universalismo possível em tempo de diáspora, fizemos também do nosso exigente universalismo o único patriotismo aceitável, adversário do nacionalismo como do árido internacionalismo, do conservadorismo como do apressado progressismo. [...] Empenhámo-nos numa acção cultural, mas de finalidade espiritual, pois que a cultura não dispensa, sob pena de esterilidade, a enigmática e imensa energia concentrada da semente."
António Quadros
"Cisão ou Diáspora",
em Espiral, 8/9 (1965), pp 58-59
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