terça-feira, 21 de abril de 2015

Ambiguidade congénita

"(...) A ambiguidade da metafísica não surge como defeito, inerente ou não, mas condição preliminar do pensamento que pretende descobrir o sentido da existência. O pensamento exige sempre um contrario para se afirmar. Nenhuma noção pode ser pensada exclusivamente por si, é sempre necessária outra e nesta dualidade reside a ambiguidade congénita de todo o pensamento, e em especial do pensamento metafísico. O nada é impensável, mas o pensamento pretende objectivá-lo como pensável. A existência é impensável, mas sem ela o pensamento não poderia manifestar-se. E deste modo, a metafísica é consciente e paradoxal ambiguidade." 

 Delfim Santos 
 "Da ambiguidade na metafísica" 
 Actas del Primer Congreso Nacional de Filosofia 
tomo 2, 840-846, separata (1949)

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