"(...) A ambiguidade da metafísica não surge como defeito,
inerente ou não, mas condição preliminar do pensamento que
pretende descobrir o sentido da existência. O pensamento exige sempre
um contrario para se afirmar. Nenhuma noção pode ser pensada
exclusivamente por si, é sempre necessária outra e nesta dualidade
reside a ambiguidade congénita de todo o pensamento, e em especial
do pensamento metafísico. O nada é impensável, mas o pensamento
pretende objectivá-lo como pensável. A existência é impensável, mas
sem ela o pensamento não poderia manifestar-se. E deste modo, a
metafísica é consciente e paradoxal ambiguidade."
Delfim Santos
"Da ambiguidade na metafísica"
Actas del Primer Congreso Nacional de Filosofia
tomo 2, 840-846, separata
(1949)
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